terça-feira, 25 de agosto de 2009

Ciclo de entrevistas - Jonas Brandão - Split Filmes

Dando continuidade ao nosso ciclo de entrevistas, hoje temos a grata satisfação de publicar a entrevista com Jonas Brandão da Split Filmes.

Jonas Brandão graduou-se em Imagem e Som pela UFSCar. Em 2007 participou do programa Hothouse 4, da National Film Board of Canada. Escreveu e dirigiu dois curtas animados, "Balloons" (NFB - 2007) e "Um lugar comum" (UFSCar, 2009). Atualmente trabalha como animador freelancer, é professor da Universidade Anhembi-Morumbi e desenvolve projetos pessoais em sua empresa, Split Filmes.

Que leitura você faz hoje da animação, do 3D e dos efeitos especiais no mercado brasileiro?
Hoje já podemos dizer que existe um mercado de animação. Há cada vez mais produtoras especializadas em animação, cursos específicos e desenvolvimento e financiamento de conteúdos para animação. Vivemos no melhor momento da animação na história do Brasil, e há a ampla necessidade de mão de obra especializada no mercado. Isso vale tanto para os profissionais de animação tradicional, stop motion, quanto para os profissionais de Cgi.

Como a formação acadêmica pode ajudar a ingressar nesse mercado?
A formação acadêmica é importante no sentido de que há poucas pessoas realmente qualificadas e boas no mercado. Há muitos projetos de séries de TV e longas em desenvolvimento, e como são atividades que envolvem uma grande quantidade pessoas envolvidas, a maior dificuldade é encontrar pessoas realmente qualificadas para ocuparem as funções fundamentais no processo de animação, ainda mais com tantos projetos rolando ao mesmo tempo. O que conta, realmente, é o talento individual e a quantidade de horas de vôo do profissional. A formação acadêmica não é uma garantia, mas é uma chance que o indivíduo tem de experimentar e aprender animação, além de formar um portifólio básico para entrar no mercado. Acho muito importante estudar animação. É uma forma de estimular a produção individual, o ganho de repertório e a entrada no mercado.

Comente sobre algum caso de sucesso de animação, 3D aqui no Brasil.
Um caso que eu posso citar é o filme Para Chegar Até a Lua, de José Guillermo Hiertz. Foi o TCC dele na faculdade de cinema. Ele nunca tinha aberto um software 3d até chegar no último ano. Aprendeu a usar o maya, ganhou um edital do MinC e fez quase que sozinho o filme, num prazo de dois anos de trabalho. Eu acho que é um filme com uma qualidade técnica bem alta, ainda mais por ter sido feita em 2005, por alguém que nunca tinha animado nem mexido em 3D. Ganhou mais de vinte festivais por aí. Link para visualizar o filme Para Chegar Até a Lua.

Quais são as suas principais fontes de inspiração?
Basicamente os livros e os filmes que eu topo por aí. Muitas vezes amigos e pessoas próximas também.

Qual a sua sugestão para quem quer se profissionalizar nessa área?
Acho que todo mundo tem que desenhar muito. Mesmo quem quer entrar na área do 3d. E treinar a exaustão. Honestamente, os melhores animadores que eu conheço desenham o dia todo, tanto a trabalho quanto por diversão. E estudam muito a composição dos movimentos e o timing na natureza. Como a animação é uma atividade que exige um monte de conhecimentos de naturezas diferentes da parte do executor, a dedicação e estudo são fundamentais.

Agradecemos a participação do Jonas Brandão no nosso ciclo de entrevistas.